Fanzine é uma abreviação de fanatic magazine, mais propriamente da aglutinação da última sílaba da palavra magazine (revista) com a sílaba inicial de fanatic. Fanzine é portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor (faneditor). Engloba todo o tipo de temas, assumindo usualmente, mas não necessariamente, uma
determinada postura política, com especial incidência em histórias em quadrinhos (banda desenhada), ficção científica, poesia, música, feminismo, vegetarianismo, veganismo, cinema, jogos de computador e vídeo-games, em padrões experimentais. Embora essa manifestação midiática seja comumente relacionada aos jovens, há produtores e leitores de fanzines em quase todas as faixas etárias. Prova desta afirmação é a de que os primeiros fanzines europeus, especialmente franceses e portugueses, foram editados por adultos, dedicando-se ao estudo de história em quadrinhos (ou banda desenhada). A sua origem vai encontrar-se nos Estados Unidos em 1929. Seu uso foi marcante na Europa, especialmente na França, durante os movimentos de contra-cultura, de 1968. Os fanzines também são geralmente (de forma errônea) indicados como tendo aparecido no movimento punk, devido ao uso marcante de fanzines pelo movimento. Graças a todos esses movimentos, os fanzines são uma ferramenta amplamente difundida de comunicação impressa de baixos custos. No Brasil, desde a década de 1980 até hoje, os "zines" se converteram no meio de veiculação de idéias mais usado por punks e anarquistas. Fanzines como qualidade profissional são chamados de "prozines
Fanzines no Brasil
No Brasil o termo fanzine é genérico para toda produção independente. Houve uma distinção entre fanzines (feitos por fãs) e produção independente (Produção artística inédita), mas a disseminação do termo "fanzine" fez com que toda a produção independente no Brasil fosse denominada fanzines. O primeiro fanzine brasileiro foi o O Cobra, "Órgão Interno da 1.ª Convenção Brasileira de Ficção Científica" realizada entre 12 e 18 de Setembro de 1965[4] realizada em São Paulo[5], o primeiro a tratar sobre histórias em quadrinhos foi Ficção (Boletim do Intercâmbio Ciência-Ficção Alex Raymond), criado por Edson Rontani em 12 de Outubro de
1965 em Piracicaba, São Paulo. Este fanzine trazia textos infomativos e uma interessante relação de publicações brasileiras de quadrinhos desde 1905. Na época, o termo que definia produção independente era "boletim" . Em São Paulo, onde a cena de rock e underground era forte nos anos 1980 e os jovens se reuniam em frente à "Woodstock Discos" no Vale do Anhangabaú, em busca de informações sobre as bandas e novidades dos estilos que então surgiam e hoje entraram para a história, surgiram os primeiros fanzines feitos de maneira mais eclética. Um deles, inclusive, tinha este nome: Ekletik. Neles havia
entrevistas, artigos sobre lançamentos, tournées, críticas sociais, grafite – então uma novidade e assim criando uma rede que com a internet apenas aumentou migrando para os blogs.
Diante da grande produção de fanzines no Brasil, diversas iniciativas vêm sendo tomadas com o objetivo de registrar a produção nacional. Recentemente foi criada a Fanzinoteca de São Vicente, que se tornou a segunda maior fanzinoteca do mundo por seu acervo de edições catalogadas. Em 2004 foi lançado o Catálogo oficial da Fanzinoteca de São Vicente contendo dados de 1.000 fanzines nacionais.[8] Dentre os faneditores de quadrinhos surgidos na década de 1970, destacam-se Emir Ribeiro (Velta), Flávio Calazans (Barata, Guerra de Idéias, Guerra dos Golfinhos), Edgard Guimarães (Informativo de Quadrinhos Independentes). No estado do Rio Grande do Sul, Oscar Kern, foi o dono do Fanzine "Historieta", o primeiro a colocar, em banca de jornais, o seu Fanzine com artigos, impressão e criação de herois. Nilo Costa e Silva, editor e desenhista em parceria com Aníbal Barros Cassal e Goida do "Fanzim", mudaram completamente o formato, criando novo designer e logotia na mostragem dos Fanzines.
Entre as décadas de 1980 e 1990, dentre os fanzineiros de quadrinhos, destacaram-se os nomes de Marcatti (Mijo, Lodo), J.M.M. Kazi (Panacea), Worney Almeida de Souza-WAZ (Quadrix), Érico San Juan (Só Uma), Luciano Irrthum, Jean Galvão, Edgar Franco, Henrique Magalhães (Top-Top), Gazy Andraus, dentre outros. Cesar R.T. Silva publicou o fanzine Hiperespaço desde 1983, abrindo caminho para o aumento de fãs de ficção científica no país. Em 1985, com a fundação do Clube de Leitores de Ficção Científica – CLFC em São Paulo, foi lançado o "Somnium", fanzine semi-profissional com notícias do Clube e do gênero no Brasil e no mundo. Outro fanzine de ficção científica a surgir na década de 1990 foi o Megalon, editado por Marcello Simão Branco, em 1987 . Entre as iniciativas recentes de publicação, no estado de São Paulo, mais precisamente na Baixada Santista, existe desde 2009 a "A Gazeta Alternativa", o que pode ser chamado de "o maior fanzine cultural da região". Publicado pela Edittora Nova Linguagem, consiste propriamente de uma revista mensal, a qual mantém o espírito de uma publicação caseira, no que tange ao seu conteúdo. Surgido como um fanzine, a divulgação do mesmo aumentou de tal maneira a ponto de seus idealizadores sentirem-se obrigados a criar uma editora para viabilizar a publicação do mesmo, garantindo assim aos seus colaboradores todas as regalias referentes aos Direitos Autorais. Atualmente, com uma tiragem de 5.000 exemplares (coisa que, para um fanzine convencional, é impossível), a Gazeta Alternativa possui como característica principal o fato de que suas matérias são feitas pelos próprios leitores, consistindo assim em um espaço para a livre expressão da população jovem. Surgido na cidade de São Paulo em 2006 e posteriormente se espalhando por todo o Brasil, o coletivo Quarto Mundo reúne quadrinhistas independentes que editam fanzines e revistas por conta própria mas que distribuem as publicações uns dos outros sob um mesmo selo informal, mas de grande força. Em 2011, foi lançado o Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas, obra que catalogou 120 títulos independentes produzidos no país . No país, ocorrem anualmente duas grandes convenções de fanzines: "Fanzinecon" e "Fanzine expo",as duas são parte integrantes de eventos de anime/mangá. "Fanzinecon" acontece dentro do evento "Animecon" e a "Fanzine expo" acontece dentro da "Anime Dreams" e "Anime Friends" que na inauguração contou com mais de 50 fanzines expostos e um público de 40.000 pessoas em julho de 2005, segundo os organizadores. A inspiração para esses eventos é a Comiket, convenção japonesas de dōjinshis (o fanzine japonês)
Fanzines em Portugal
Em Portugal, fizeram sucesso nos anos 80 alguns fanzines vocacionados para a cultura pop e Rock e ligados ao meio literário alternativo. Destacam-se no período os fanzines portugueses Anarcopunks, que tinham a música como foco central, mas não dispensavam a crítica política e social. No final da década de 90 surgem vários títulos de fanzines que ultrapassam os limites do papel e procuram marcar o leitor com experiências sensoriais, recorrendo a texturas (alcatifas, papéis de parede, solas de chuteira…), cheiros (óleo de linhaça, perfumes Ach. Brito…) e a apêndices (postais, fragmentos de performances, recortes, fotografias…).
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