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Foto do escritorALFA CAPELA

A TUMBA DE DRACULA

capas a de a tumba de dracula mais uma materia falando do relançamento da serie e auto censura da marvel







































































materia de 2009



Marvel censura seu próprio material em reimpressões de Drácula Para tentar entender esse fato bizarro, é necessário fazer um pequeno regresso ao passado dos quadrinhos norte-americanos. Nos Estados Unidos há exemplos históricos de censura que quase destruíram a indústria, como na década de 1950, quando uma subcomissão do senado, encarregada de discutir a delinqüência juvenil e liderada pelos senadores Robert C. Hendrickson e Estes Kefauver, investigou a violência e o sexo nos quadrinhos. Foi este episódio que celebrizou Fredric Wertham, o autor do polêmico livro Sedução dos Inocentes, publicado em 1953. Em 1954, a Comics Magazines Association of America respondeu às pressões públicas e governamentais com a criação do Comic Code Authorithy, que na prática virou um órgão censor de quadrinhos. O código em seu primeiro momento proibia na prática a publicação de revistas com cenas de violência explícita, horror grotesco e sexualidade. Seus artigos exigiam que o bem vencesse o mal, que o crime não fosse mostrado de maneira a criar a simpatia dos leitores, e que fosse ilustrado de maneira sórdida. As autoridades governamentais, como policiais, não podiam ser ridicularizadas ou desrespeitadas. Cenas de tortura e outras formas de violência explícita, particularmente no uso de armas de fogo e facas, também estavam fora de questão. Crimes como seqüestro não podiam ser publicados em detalhes e seus executores deveriam ser punidos nas histórias. O código ainda proibia o uso das palavras horror ou terror nos títulos das revistas. Também estavam vetadas cenas sanguinolentas, libidinosas e sexuais, além de depravações, incluindo o sadismo e o masoquismo.

Lobisomens, mortos-vivos, espectros, fantasmas, canibalismo, vampiros e vampirismo estavam proibidos. Obscenidades e xingamentos não podiam fazer parte dos diálogos e o nudismo e a indecência absolutamente vetados. As mulheres deveriam ser desenhadas de maneira razoável, sem exagerar seus atributos físicos. Para finalizar, o código proibia inclusive propaganda de tabaco, facas, fogos de artifícios, nudismo, pin-ups e bebidas. Com isso, a ótima editora EC Comics, o caso mais notório, que publicava revistas de horror, de crimes e aventuras policiais, faliu. Apenas a revista Mad, sobreviveu. Para isso, mudou do formato comic para o formato usado hoje em revistas como Veja, escapando do código numa tecnicalidade. Atualmente, a Mad pertence à DC Comics. Naquela época, o horror, os policiais, faroestes e a guerra estavam em alta e os super-heróis em baixa. Editoras como Marvel, DC, Archie e outras lutavam para ganhar terreno. Quando o código entrou em vigor, estas companhias se revitalizaram e reavivaram seus heróis. Mas toda essa censura resultou, na década de 1960, no surgimento das publicaçõesunderground (Zap Comix, por exemplo) e do surgimento de uma importante “cena” independente na América. Entre os artistas que surgiram neste período estão Vaughn Bode, Robert Crumb, Rick Griffin, Bill Griffith, Trina Robbins, Gilbert Shelton, Art Spiegelman e outros. O material desta turma era publicado e distribuído sem a aprovação ou o selo doComic Code Authority. Em 1971, o departamento de educação e saúde do governo norte-americano pediu àMarvel, e a Stan Lee, que produzisse uma história com o Homem-Aranha sobre o problema das drogas. Num caso de burrice misturada com bizarrice, o Comic Code Authority vetou a história, que hoje é considerada um clássico do Aracnídeo, e foi publicada num arco de três partes, entre maio e julho de 1971, em Amazing Spider-Man # 96 a # 98, semo selo do código e com total autorização de Martin Goodman, o fundador da Marvel, que naquela época tinha o cargo de Publisher. As histórias foram um enorme sucesso e, depois disso, o Homem-Aranha voltou a usar o Código em suas histórias normalmente. Esse episódio forçou uma revisão do Comic Code, que passou a permitir diversas liberdades, inclusive o uso de narcóticos para mostrar o vício. Nesta revisão também “rodaram” restrições contra Drácula, Frankenstein e outros personagens do horror literários, desde que usados no mesmo tom de suas obras originais. Os zumbis como não faziam parte desta categoria continuaram restritos. Esta não foi a única vez que a Marvel se opôs ao Código, quando lhe foi comercialmente conveniente. Recentemente ela trocou o Comic Code Authority pelo seu próprio código de ética, durante o período que era comandada por Bill Jemas e Joe Quesada. A editora explicou as novas regras para suas revistas e criou uma linha de quadrinhos adultos. Com o sucessivo abrandamento do Código (e com o uso de vários artifícios para burlá-lo), que ficava cada vez mais arcaico, o sangue, o horror e a nudez voltaram, ainda que de forma mais branda. Esta mudança permitiu que as editoras voltassem a investir no horror e a “Casa das Idéias lançou uma avalanche de revistas, tanto no formato chamado americano, como no Veja, em preto-e-branco.

Cena original

Cena censurada

Drácula aparecia em títulos como Tumba de Drácula e Dracula Lives, Morbius, Satanna e Lilith se revezavam nas páginas de Vampire Tales. Frankenstein era a estrela de Monster of Frankenstein e, em pouco tempo, até a Múmia e Simon Garth, o Zumbi, tiveram suas revistas. Da mesma maneira que ressurgiu, esta segunda onda de horror foi embora. O momento havia passado para os leitores. Mas agora, 30 anos depois deste período, o material voltou à moda e está sendo resgatado pela Marvel, o que finalmente nos traz à polêmica atual (bastante discutida no blog The Groovy age of Horror) No quarto volume da série Essential Tomb of Drácula, publicado este ano, os leitores constaram que a editora havia censurado as artes originais, modificando o desenho das artes dos quadros que mostravam cenas de nudismo, erotismo, ou violência somada à nudez. Mais precisamente, foram modificadas páginas preto-e-branco de Tomb of Dracula # 5, formato magazine, (não confundir com a revista de mesmo nome Tomb of Dracula, colorida e em formato americano), de junho de 1980. A história foi escrita por Roger Mckenzie e a arte é de Gene Colan. O editor-chefe na época era Jim Shooter. Tomb of Dracula Magazine era publicada, assim como outras neste formato (magazine, preto-e-branco) sem o selo do Comic Code, e teve apenas seis edições. Já a revista Tomb of Dracula, mensal e em formato americano, era colorida e saia bem comportadinha com o selinho da “censura”. Foram censurados diversos quadros nos quais as mulheres apresentavam seios nus ou outros detalhes anatômicos eram sugeridos, como é possível ver nas ilustrações deste artigo. o sexo e o nudismo foram censurados. A violência e o sangue, continuam todos intactos. Embora este esteja sendo o caso mais comentado, também houve alterações noEssential Tomb of Dracula # 3, que reimprime os números a 1 a 4 da Tomb of Draculaem formato magazine.


numa reediçao de 2009 do conde Drácula, a Marvel Comics, que na década de 1970 e 1980 publicava diversos títulos de horror, censurou seu próprio material, eliminando quadros de conteúdo mais erótico.

Cena original

Cena censurada

Puritanismo? Talvez, mas é mais provável que seja uma estratégia de vendas. Afinal, os Estados Unidos toleram uma boa dose de violência, mas ao menor sinal de perigo sexual para suas “crianças”, lançam mão do “proibido para 18 anos”, tarjas pretas e outras formas de censura e restrição. A resposta para esta autocensura da editora parece estar no seu próprio código de classificação etária. Classificá-la com um título adulto e, portanto, mais restritivo, tiraria este encadernado de muitas livrarias e outros pontos de vendas alternativos, como drogarias e supermercados, pois muitos deles não distribuem material “para leitores maduros”. Hoje, estes pontos totalizam um número até maior do que o de comic shops atingidas pela distribuição da Diamond Comics. Segundo um artigo em inglês no site Wikipedia, sobre o verbete Essential Marvel Comics, a editora afirmou oficialmente que foi uma estratégia de vendas necessária para não prejudicar o faturamento, mesmo que para isso sofra críticas dos leitores.


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